A Igreja Reborn

Nos últimos dias, nas redes sociais e nos sites de notícias, bem como nos programas televisivos fomos bombardeados com noticias sobre a febre dos bebes reborns. Pessoas investindo altos valores para comprar um bebê reborn e cuidando como se fosse algo verdadeiro, nisso vimos pessoas indo ao hospital, levando na igreja para ser apresentado no culto, usando fila preferencial, festa de mês-aniversário, entre tantos outros.

Um bebê reborn é uma boneca com características realistas, que parece uma criança de verdade, mas ela não tem vida, ela não reage ou interage. Ela nunca vai crescer e amadurecer, não vai estudar, se relacionar.

Mesmo sem vida, as pessoas investem tempo e dinheiro, cuidando como se fosse algo verdadeiro.

Assim como esses bonecos simulam a vida, será que algumas manifestações de fé ou certas comunidades religiosas não estariam, de forma semelhante, apenas ‘reencenando’ uma espiritualidade que, no fundo, carece de vida genuína?

O profeta Isaías escreveu no capítulo 29 versículo 13: “Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído.”

Quando a Igreja se Torna “Reborn” 

O Bebê Reborn ele é perfeitamente moldado, pintado para parecer real, com peso e até cheiro de bebê. Mas não respira, não cresce, não tem necessidades reais, não responde com amor genuíno. Da mesma maneira, a Igreja Reborn: Pode ter rituais impecáveis, músicas emocionantes, discursos eloquentes, templos suntuosos, uma grande quantidade de “seguidores”. Mas carece de transformação de caráter, de amor prático ao próximo, de justiça social, de um relacionamento profundo e individual com o Divino. É uma fé que “parece” viva, mas não gera vida real nos seus adeptos ou na sociedade. 

O Bebê Reborn até pode despertar emoções fortes em quem o “adota” – carinho, sentimento de cuidado, da mesma maneira a Igreja Reborn até pode gerar catarse emocional, momentos de grande comoção coletiva, um sentimento de pertença. No entanto, essas emoções não se traduzem necessariamente em mudança de comportamento, em arrependimento sincero, em crescimento espiritual duradouro. A “experiência” religiosa é buscada pelo seu valor sentimental momentâneo, não pelo seu poder transformador. 

Ter um bebê Reborn requer um esforço contínuo para manter a ilusão de que é um bebê real (trocar fraldas de mentira, dar mamadeira vazia), da mesma maneira a Igreja Reborn exige uma “performance” constante de religiosidade. Os membros podem se sentir pressionados a demonstrar uma alegria ou santidade que não possuem, a repetir jargões, a seguir regras externas sem convicção interna, apenas para manter a fachada de “crente exemplar” ou de “igreja perfeita”.

Quais são as características de uma Igreja “Reborn”? 

Foco no Exterior: Grande ênfase na imagem, nos números (de membros, de arrecadação), nos eventos espetaculares, em detrimento da formação de discípulos, do cuidado pastoral individualizado e do ensino bíblico profundo. 

Ausência de Frutos Reais: Onde estão os frutos do Espírito (amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio – Gálatas 5:22-23) na vida dos seus membros de forma consistente? A fé não se reflete em ações concretas de justiça e misericórdia. 

Liderança Performática: Líderes que se assemelham mais a “artistas” ou “influencers” do que a pastores e servos, preocupados com sua popularidade e imagem, mais do que com a saúde espiritual do rebanho. 

Consumismo Espiritual: A fé é tratada como um produto a ser consumido. Busca-se o que agrada, o que entretém, o que oferece “bênçãos” instantâneas, sem o custo do discipulado, da renúncia e do compromisso. 

Comunidade Superficial: Relações que não passam de um convívio social agradável, sem a profundidade do “carregar as cargas uns dos outros”, da correção fraterna e do apoio mútuo em tempos de crise.

O Contraste: A Fé Viva e Genuína 

Em oposição à “Igreja Reborn”, A Igreja de Cristo verdadeira é a noiva de Cristo, é a igreja que se torna uma comunidade de irmãos e irmãs, que amam uns aos outros e vivem em uma mutualidade. É a igreja que se tornou uma família. 

A Igreja de Cristo é a igreja que, de forma visível vê mudança real de vidas, de valores, de prioridades. É a igreja onde os relacionamentos são pessoais e crescentes, com Deus e com outras pessoas.

A Igreja de Cristo é a igreja onde temos a oportunidade da manifestação do amor, de maneira prática e não teórica, servindo pessoas, se importando com a dor do outro que confronta em amor e que apoia o crescimento mútuo. 

A Igreja de Cristo não foge das dificuldades da vida nem das exigências do evangelho (sacrifício, negação de si mesmo)., é a igreja que busca ser semelhante a Jesus Cristo – o modelo de vida autêntica. 

Discernindo o Real do Artificial  

O bebê reborn é uma obra de arte impressionante, mas nunca substituirá a complexidade, os desafios e a beleza de uma vida real. 

Será que não estamos nos contentando com uma “Igreja Reborn”, com uma imitação da vida espiritual que nos oferece conforto superficial, mas nos priva da verdadeira comunhão com Deus e da transformação que Ele deseja operar em nós? 

Nosso desafio é buscar autenticidade, questionar as aparências e a desejar uma fé que, mesmo imperfeita e desafiadora, seja VIVA.

No fim, o que buscamos? o consolo de um boneco inerte ou o abraço transformador do Deus vivo?