“É o Espírito quem dá vida; a carne não produz nada que se aproveite.” —(João 6.63, NAA)
Há muitas igrejas que desejam mudar. Algumas querem crescer em número. Outras querem recuperar `relevância na cidade. Há também aquelas que sonham em reviver o entusiasmo dos primeiros anos. Mas poucas igrejas se perguntam: quem está guiando nossa transformação?
A revitalização da igreja não é apenas uma renovação estratégica. É um renascer espiritual. Não é obra de homens habilidosos, mas do Deus que sopra onde quer (Jo `3.8). E se ela não for conduzida pelo Espírito Santo, qualquer mudança será apenas maquiagem — superficial, temporária, e sem frutos duradouros.
O livro de Atos nos apresenta uma igreja simples, frágil em estrutura, mas absolutamente viva no Espírito. Foi o Espírito quem chamou, capacitou, enviou, redirecionou e renovou aquela comunidade. Sempre que houve avanço, houve oração. Sempre que houve crescimento, houve obediência ao sopro divino.
“O livro de Atos não é a história dos apóstolos. É a história do Espírito Santo atuando através dos apóstolos.” — John Stott.
Por isso, toda revitalização verdadeira precisa voltar para Atos — não apenas para copiar métodos, mas para clamar pelo mesmo fogo.
Quando o Espírito guia a igreja, não há espaço para vaidade pastoral, nem para ativismo vazio. O culto volta a ser encontro, a Palavra volta a confrontar, o serviço volta a ter compaixão, e a missão volta a ter lágrimas. O Espírito nos lembra quem somos — e para onde devemos ir.
Muitas igrejas morrem espiritualmente muito antes de fecharem as portas. Continuam ativas, mas frias. Programadas, mas sem paixão. Ortodoxas, mas sem alegria. E o que falta, em muitos casos, não é estrutura, nem voluntários, nem recursos — é presença.
“A igreja não é chamada de igreja por causa do edifício, nem pela multidão, mas por causa do Espírito Santo.” — Martinho Lutero.
É Ele quem convence, conforta, direciona e desperta. Onde Ele está, há transformação. Onde Ele não está, tudo é peso.
A revitalização começa quando uma comunidade se ajoelha não diante de uma planilha, mas diante do Senhor da igreja. Quando decide trocar o controle pelo clamor, e o planejamento pelo arrependimento. Quando reconhece: precisamos ser guiados — e não apenas reformados.
Uma igreja guiada pelo Espírito discerne o tempo em que vive. Ela não repete fórmulas do passado, nem se entrega ao modismo do presente. Ela ouve. Espera. Caminha no ritmo do céu.
“O discernimento começa com a oração e cresce com a escuta atenta à voz do Espírito que fala no íntimo do coração.” — Henri Nouwen.
Por isso, em processos de revitalização, a escuta precede a ação. A intercessão vem antes da reunião. A santidade vem antes da estratégia. E o fruto do Espírito (Gálatas 5.22-23) se torna o diagnóstico mais honesto de uma igreja em transformação.
Não se trata apenas de fazer mais. Trata-se de ser diferente. De ser cheio. De ser conduzido.
A revitalização conduzida pelo Espírito nunca termina em si mesma. Quando Ele renova, Ele também envia. A igreja que foi cheia no Pentecostes foi a igreja que saiu ao encontro das nações. O Espírito gera movimento, não isolamento.
“Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas…” — Atos 1.8
Igrejas revitalizadas são igrejas missionais. Não porque estão entusiasmadas com projetos, mas porque estão cheias de uma presença que não conseguem conter. Elas não apenas voltam a viver — voltam a testemunhar.
Se você busca revitalizar sua igreja, comece por uma pergunta simples: o Espírito Santo está guiando nosso processo?
Se a resposta for “não sei”, então comece por ajoelhar. Volte ao altar. Chame a liderança para oração. Troque urgência por escuta. Porque sem o Espírito, nada floresce.
Ele ainda sopra. Ainda chama. Ainda envia. E ainda revitaliza.
O que Ele precisa são igrejas humildes o bastante para deixá-Lo conduzir.
Texto que escrevi para o jornal O ESTANDARTE, versão de Junho/2025